A contemplação e transformação do Ser

Em um dos seus discursos, Osho disse: Você pode não ser capaz de compreender — aqui ele refere-se à vida — porque você conhece somente os fragmentos, você não conhece o todo. Sua experiência de vida é simplesmente como se você tivesse somente uma página solta de um romance: você a lê, mas não faz nenhum sentido, porque ela é apenas um pequeno fragmento. Você não conhece a história toda. Isso acontece frequentemente em nossas vidas, os problemas surgem, as dificuldades tiram nossa paz e a vida parece ser um caos, um oceano de injustiças sem justificativas. Será que a vida é mesmo assim? Eu gostaria de dizer que não, a vida não é assim, a nossa visão turva é que a torna assim; a nossa incapacidade de compreender os mecanismos cósmicos é que a fazem tomar um aspecto caótico. Nós estamos há muitas vidas andando em círculos, apegados somente àquilo que pode ser percebido pelos sentidos básicos e julgando que a vida é só isso. Temos um espectro de lembranças limitadas a esta vida (somente um pequeno fragmento de tudo o que somos) e por conta disso, desaprendemos amar todo o conjunto da maravilhosa obra que somos.

Não se iluda, a vida não tem qualquer semelhança com o caos ou com a injustiça. Acredite, por mais difícil que seja o seu desafio – pode até parecer irônico–, mas o maior beneficiado sempre será você, pois é justamente você que irá se nutrir de conhecimento. Veja como a vida não tem nada contra você. Se não fosse por amor, por qual outro motivo você estaria aqui? Então por qual motivo a existência iria querer prejudicá-lo? Vamos mudar o foco de nossa percepção, e para começar sugiro que você adote a prática de observar a natureza e veja como tudo conspira para o equilíbrio. Apenas observe amorosamente, não julgue. A fonte de todo desequilíbrio sempre foi o homem e sua mania de julgar. Não o perca mais tempo julgando, isso não te servirá para nada. Já perdemos tempo demais julgando. Já perdemos tempo demais com coisas fúteis. É hora de mudarmos o nosso foco, esquecendo o “externo” e dando a devida atenção ao “interno”, o nosso Ser, a verdadeira razão pela qual estamos aqui. Este é um processo de conhecimento pouquíssimo explorado: o conhecimento de si mesmo! Não é de se surpreender que a humanidade esteja cada vez mais desviada de seu rumo, pois todos têm um instinto revolucionário de querer mudar o rumo da humanidade, mas raros têm a coragem de mudar a si mesmo.

O segredo talvez seja pararmos de projetar um mundo melhor à nossa volta, e arregaçarmos as mangas para criar um mundo melhor dentro de nós mesmos. Esse é o grande canteiro de obras que está a nossa disposição, onde a terra é fértil e o plantio é livre. O único “porém” é que devemos ter o devido cuidado para cultivar tudo com amor, pois não temos a possibilidade de arrancar as sementes já plantadas e a colheita é obrigatória. Mas não há nenhum mal nisso. Na verdade, esse é o grande presente que a vida nos deu: a possibilidade de aprendermos com as nossas próprias falhas. E a existência não tem pressa nenhuma que você aprenda rápido, ela apenas quer que você aprenda. A pressa em se tornar melhor e mais livre é de cada um!

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