Hades: o deus grego do submundo

Hades é o deus do reino dos mortos. É filho de Cronos e Réia, irmão de Zeus, Posseidon, Deméter, Héstia e Hera e marido de Perséfone. Conhecido em Roma como Plutão.

Após a vitória sobre os Titãs, o Universo foi dividido em três grandes reinos: cabendo a Zeus o Olimpo, a Posseidon os oceanos e a Hades o imenso império localizado no "seio das trevas brumosas", nas entranhas da Terra, denominado Inferno.

Hades possui um capacete que o torna invisível. Esse capacete, por sinal, muito semelhante ao de Siegfried na mitologia germânica, foi usado por outras divindades como Atena e até por heróis, como Perseu, quando mata a Górgona Medusa.

Seu nome era raramente proferido pelos gregos, que temiam excitar sua cólera, pois era violento e poderoso. Era normalmente invocado por meio de eufemismos, sendo o mais comum Plutão (o "rico"), fazendo alusão não apenas a "seus hóspedes inumeráveis", mas também às riquezas inexauríveis das entranhas da terra, sendo estas mesmas a fonte profunda de toda produção vegetal.

Hades era geralmente retratado como tranquilo em sua majestade. Conhecido como Zeus subterrâneo, saiu apenas duas vezes, sendo uma delas para raptar Coré e torná-la sua esposa. Mesmo assim ele possui um caráter cruel, implacável e inflexível, sendo odiado por todos. E esse caráter se mostrava quando algum intruso teimava em não respeitar seus domínios. Exemplo disso ocorreu com o audacioso Pirítoo, que, acompanhado de Teseu, penetrou no Hades na louca esperança de raptar Perséfone. Pirítoo foi punido pelo Deus a ficar sentado em uma cadeira, por toda a eternidade.

Lutou ainda contra Héracles, que desceu aos Infernos, para capturar seu cão Cérbero. Foi no decurso deste combate que o herói o feriu no ombro direito com uma flechada. Tão grande era a dor, que o Senhor dos mortos teve que subir ao Olimpo e solicitar os serviços de curandeiro de Apolo, que lhe aplicou sobre o ferimento um bálsamo curativo. Essa foi a segunda e última vez que Hades saiu de seus domínios.

Hades e Perséfone tinham um casamento calmo. Apenas uma vez Hades a traiu, quando se apaixonou pela Minta. Minta (ou Minte), ninfa que habitava o Submundo, mantinha com Hades um relacionamento, interrompido por seu casamento; a ninfa então, procurando recuperar o amante, passou a se vangloriar, dizendo ser mais bonita que sua rival, despertando a fúria em Deméter, mãe de Core. Deméter então puniu a moça presunçosa, fazendo em seu lugar surgir a menta.

A simbologia da união dele com Perséfone mostra o casamento de duas forças da natureza e da vida: a riqueza do subsolo que fornece os minerais necessários para fazer brotar de seu âmago as sementes, simbolizando vida e morte, o nascimento da semente e sua consequente morte. Importante salientar que Hades não é o deus da morte. Esse papel cabe a Tanatos. Enquanto arquétipo, Hades simboliza a força que impulsiona o crescimento das plantas, o local onde os preciosos metais e pedras são extraídos e o local para onde todos os seres vivos devem voltar.

Ele é o símbolo do inconsciente pessoal e coletivo. Local onde estão os tesouros da alma, nossas potencialidades, ou seja, os elementos que ainda não vieram à luz e que continuam nas sombras. Mas também lá estão nossos demônios interiores, nossos terrores, nosso inferno pessoal, as coisas mortas e reprimidas. Como inconsciente pessoal podemos encontrar os arquétipos, nossos padrões humanos universais que existem desde o início dos tempos e que foram vividos pelas pessoas que já morreram.

Ele é o responsável por fornecer energia aos vegetais para erguerem-se a partir da semente mergulhada na obscuridade do solo, ou seja, é dele que surge a energia necessária para criarmos algo novo em nossas vidas.

Mas seu caráter implacável não permite que ninguém saia de seu reino, uma vez ali tendo ingressado. Ele reclama de volta aquilo que ele dá. Por isso ele é tão temido. O ego não aceita o seu fim.

Para os gregos a esperança de uma possibilidade de pós-vida se encontrava em sua esposa, Perséfone que representa a vida emergente e a juventude. Ela é a semente que morre e retorna. Psicologicamente isso significa que a vida é feita em ciclos onde alternamos morte e vida. Coisas devem morrer para que o novo renasça. Perséfone e Hades mostram que para termos novas possibilidades e energia para surgir à riqueza interior, algo sempre deve ser sacrificado e morto.

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