Do que eu preciso

Bem, creio que já devo ter escrito sobre minha alucinação por Rolling Stones, é um vício, preciso ouvir todos os dias. Penso incessantemente e a música de um modo geral me ajuda a equilibrar os nervos agitados (risos).

Mas vamos voltar ao delicioso momento que Rolling Stones me reservou, hoje mais uma vez deixei a playlist da banda tocando e de repente surge o timbre de voz do meu encantador Mick: Uh, uh, uh, uh, uh, uh... Era a canção Waiting On A Friend, a canção em que um dos homens mais galanteadores da Inglaterra dizia que estava apenas esperando um amigo. Um sorriso que alivia, vontade de fazer algum sentido e mais... Sem prostitutas, sem bebedeira, sem um padre para lhe dar um refrigério e para ouvir confissões; a única coisa que o cara galanteador com sua voz deliciosa estava fazendo era esperar um amigo.

Há um momento em que apenas bons amigos podem valer, eu fico imaginando alguns momentos da minha vida e não posso deixar de considerar a importância dos bons e velhos amigos. Amigos de verdade conhecemos antes de conhecer.

Lembro dos choros, abraços, risos, de compartilhar lamentações e em seguida cair na gargalhada sem nem sequer ter vontade de sorrir.

Sim eu preciso de alguém para chorar caro Mick, não preciso de uma noite de sexo ardente, nem de copos e mais copos de destilado, tampouco de uma figura religiosa, seja ela qual for, eu preciso e estou esperando um amigo. Só quero alguém para compartilhar dores, risos, alguém para admirar e que de uma forma que não compreendo também me admire.

Eu não preciso do vazio, aliás, já estou nele, eu preciso do transbordante, preciso de luz, de sentido, preciso dos meus poucos, dos raros e motivadores amigos.

E como dizia o simples e complexo Guimarães Rosa em seu livro Sagarana: “É graças aos encontros inesperados dos velhos amigos que eu fico reconhecendo que o mundo é pequeno e, como sala de espera, ótimo, facílimo de se aturar…”.

Como as árvores, preciso apenas das raízes e de algo que alivie minha sede, preciso apenas da força do vento para me ajudar a compreender a grandiosidade da vida.

Sempre vale a pena, vale chorar, vale se decepcionar, vale esperar, vale sangrar, vale viver e morrer também, tudo nessa vida, enquanto há vida, está valendo.

Eu só estou querendo fazer algum sentido... E quando há sentido?

Do que eu preciso? Eu preciso esperar as raras pessoas que valem a pena, que valem a espera. Eu preciso me alcançar antes de mais nada... Velhos amigos, eu preciso de alguém para proteger, é assim que seguimos, nos importando com quem é importante e permitindo que se importem verdadeiramente conosco. Eu preciso de leveza… Da simplicidade e força do vento. Uh, uh, uh, uh, uh, uh, uh, uh....

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