Na dança da solidão

Por que uma relação de intimidade que parece tão perfeita, pode transformar-se em pouco tempo no seu oposto?

Por que essas relações de "amor" acabam destruídas por conflitos, discussões intermináveis ou até mesmo em violência física e emocional?

Por que o amor encontra no meio deste caminho seus opositores e oscila nesse jogo de amor e ódio?
 
Muitos casais viciam nessas polaridades - em que em alguns momentos se inebriam de prazer e outros de total indiferença e desprezo - que perpetuam durante meses ou até anos, alimentando somente um sentimento que nem mais podemos chamar de amor.

Por que não conseguimos equilibrar os extremos e por que estes ciclos tão destrutivos intensificam-se?

O lado negativo é mais facilmente reconhecido no outro do que o positivo. É mais simples identificar o defeito no parceiro do que vê-lo em nós mesmos. Infelizmente, não somos só o bem ou o mal.

Não podemos ter uma sem a outra,  porque estas polaridades são mutuamente interdependentes, e mesmo que tentemos encobri-las por um tempo, não tem jeito, uma hora elas se manifestam através da possessividade, do ciúme, da cobrança, da manipulação, da chantagem, do egoísmo, da insensibilidade, da necessidade de julgar, de querer estar sempre com a razão... Ufa! Que amor é esse? Podemos chamar isso de amor?

Não! No máximo nos bons momentos, onde há a troca de carinho, sexo e breves lampejos ilusórios de amor, podemos chamar de "relacionamentos românticos", porque na maioria de nós humanos, o que ainda é parco é o estado consciente nas relações.

Se o seu amor vivencia essas incompatibilidades, é provável que você esteja confundindo apego e dependência com amor. Uma espécie de vício na outra pessoa, e qualquer vício, seja álcool, comida, droga... Nós usamos como uma recusa inconsciente de não encararmos nosso sofrimento.

Por isso que passada a euforia do início tão encantador existe tanta infelicidade!

Como a droga que inebria durante um tempo, mas que quando acaba apenas traz à superfície o padecimento que já existe dentro de nós. O amor é primeiro um estado do SER… Lá dentro e não fora. É internamente que curamos a solidão, não tem outro jeito!

Enquanto buscamos lá fora preencher esse vazio, atribuindo ao outro nossa felicidade ou infelicidade,  ainda vivenciaremos muitos ciclos de ilusão e desilusão na dança da solidão.

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