Sim, os opostos se atraem!

Você já ouviu falar que semelhante atrai semelhante? Que precisamos nos amar para atrairmos bons relacionamentos e tal? Mas será que só atraímos pessoas semelhantes à nós, e que isso é regra básica? Eu pessoalmente, já atraí em diferentes fases de minha vida o meu oposto, e vejo que isso se repete com muita gente. SIM! Os opostos se atraem, e vou contar uma historinha que ouvi há um bom tempo, que reflete esse suposto.

Maria da Graça era realmente uma gracinha de criança e o centro das atenções do papai, da mamãe, da vovó, do cachorrinho....de todo mundo! Sorria para todos, porque sabia que isso ganharia o carinho das pessoas. Na escola, foi crescendo tendo a estima dos colegas e professores, afinal ela procurava agradar à todos, e quando estava brava ou com raiva de alguma coisa, percebia que isso não era muito bem vindo ou aceito pela maioria. E assim, foi chegando a vida adulta, sem ter a consciência de que desenvolvera essa imagem, para assegurar o atendimento de suas necessidades. Infelizmente, ao se mostrar sempre tão belezinha, reprimia aspectos que mesmo que parecessem desagradáveis, também integravam a sua personalidade. Uma personalidade moldada para agradar aos outros.

Em outro lar ao mesmo tempo que Maria da Graça ia crescendo,cheia de dengos, Antonio Bruto, caçula de uma familia de 4 irmãos homens, vivia o seu oposto. Seus pais sempre ocupados, não estavam nem aí para as suas gracinhas, muito menos seus irmãos, que só lembravam de sua existência para ridicularizá-lo ou gozá-lo. O que fazia então para ser ouvido e visto?

Abria o berreiro, e tudo que queria era na base do grito e do choro. Como acabava cansando, tinha seus desejos satisfeitos, somente através deste método bem diferente de Maria da Graça.

Pouco a pouco habituou-se a energia da agressividade, que se expandiu e pareceu virar a sua própria personalidade.

Na vida adulta, convencido de que as coisas funcionavam assim, corria atrás do que queria, mesmo para que isso fechasse os olhos para os sentimentos dos outros. Num determinado momento da vida, Graça e Bruto passaram a sentir um certo desequilíbrio. Sentiam que faltava alguma coisa dentro de si. O que seria?

Até que um dia já adultos foram apresentados um ao outro. Ah! Como é lindo o amor! Ao primeiro contato já estavam apaixonados. Graça dizia: Como ele é forte, determinado, objetivo e sabe se impor. Bruto por sua vez dizia: que delicadeza de mulher. Sempre disposta a me agradar, quase nunca discorda de mim. Diante de tanta perfeição, o esperado aconteceu... Casaram-se! Entretanto o tempo passou, e com ele os estágios cegos da paixão, descortinando em irritação o que no inicio fora à base da relação- as diferenças. A separação foi inevitável e Graça concluía: O que eu vi nesse homem tão insensível e bruto?

Bruto pensava: Que mulher fraca, sem personalidade e acomodada! Afinal, o que levou os dois a se atraírem? A necessidade de completude que deveriam ter buscado dentro de si.

Ela sempre pronta a atender os desejos alheios, poderia ter aprendido com ele, que não precisaria se deixar atrair pela agressividade alheia, mas entrar em contato com essa energia dentro de si, administrando e não negando seus desejos, expressando-os gentilmente, decidida a se agradar em primeiro lugar. Ele, iria concluir que a doçura de Graça que inicialmente tanto o atraiu, deveria ser desenvolvida dentro de si para tratar as pessoas de forma mais amável sem com isso deixar de firmar as suas vontades.

A vida pode ser mais complexa que esta historinha, mas quando atingimos o equilíbrio em nós mesmos, temos condições de estabelecer relações harmoniosas, genuínas.

Podemos até nos decepcionar, mas menos frequentemente do que se nos unirmos á alguém, por enxergarmos nela uma parte de nossa personalidade que mascaramos e não permitimos revelar.

A relação de Maria da Graça e Antonio Bruto não foi inútil, aliás, se ambos parassem para refletir sobre ela, descobririam muita coisa sobre si mesmos.

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