5 sabedorias do budismo

Sabedoria nunca é demais, e o budismo é a prova mais viva disso. Sempre com uma lição nova a ensinar, o budismo traz consigo 5 importantes lições que, como toda lição, é tirada a partir de algo negativo — ou "quase" isso. 

Chagdud Rinpoche, importante lama da Escola Nyingma, escreveu em seu livro "Portões da Prática Budista": "Cada uma das emoções negativas ou venenos mentais possui uma pureza intrínseca que não reconhecemos por estarmos tão acostumados à sua aparência de emoção. A verdadeira natureza dos cinco venenos – ignorância, apego, aversão, inveja e orgulho – são as cinco sabedorias. Da mesma forma que um veneno pode ser ingerido como remédio para se obter cura, cada veneno da mente, se trabalhado adequadamente, pode ser remetido à sua natureza de sabedoria e, assim, incrementar nossa prática espiritual [...]". Com isso, chegamos a um ponto central sobre o budismo e principalmente sobre a vida: a sabedoria provém da reflexão e do autoconhecimento. 

Pensando nisso, o Lama Padma Samten, fundador do Centro de Estudos Budista Bodisatva, desenvolveu o raciocínio de 5 grandes sabedorias para que o cotidiano de cada um seja mais leve, desde as relações sociais até a vida profissional. Cada uma delas está associada aos 5 budas de meditação, sendo representadas por 5 cores. 

Sabedoria do Espelho – Buda Akshobia – Cor Azul 

Essa sabedoria propõe que nos coloquemos no lugar do outro. Não apenas no quesito "eu no seu lugar faria...", mas sim num plano mais profundo, a ponto de nos refletirmos no mundo, olhos e realidade do outro. Captando sua história de vida, suas emoções e sentimentos. Só assim podemos ajudar os outros e muitas vezes nos ajudar também. Como diria um antigo professor: "Se você não entendeu o que eu quis dizer, é porque eu não me fiz entender." 

Purifica: raiva e hostilidade. 

Sabedoria da Igualdade – Buda Ratnasambhava – Cor Amarela 

O outro é uma extensão de nós mesmos, portanto, uma vez que os ajudemos, estaremos nos ajudando. Dedicar nosso tempo ao bem-estar de outras pessoas é uma maneira de dedicarmos tempo às nossas próprias necessidades e falhas que, apesar de muitas vezes tentarmos fugir, acabamos encontrando e nos curando através da história dos demais. Não só isso, mas a alegria do outro também passa a ser a nossa alegria. 

Purifica: orgulho. 

Sabedoria Discriminativa – Buda Amitabha – Cor Vermelha

A vida é instável e mutável, e compreender isso é o segredo do bem-estar. Tudo que é bom hoje pode ser ruim amanhã. Todo mau de hoje pode se converter no bem de amanhã. A vida é um ciclo e é preciso compreender o que é e o que representa cada fase, lembrando sempre que todos nós somos agentes de mudança. 

Purifica: desejos e apego. 

Sabedoria da Causalidade – Buda Amogasiddhi – Cor Verde 

Essa sabedoria é quase como a lei do karma. Ela vem para ensinar que toda ação tem sua reação; se fizer boas ações está destinado a receber o bem e, se fizer coisas ruins, está destinado a receber o mesmo. Porém, ela traz uma novidade: tudo o que recebemos de ruim podemos transformar em algo bom através de 4 possíveis ações: 

- Ação de poder: não se deixar abalar e seguir em frente; 

- Ação pacificadora: tentar entender o outro lado; 

- Ação incrementadora: compartilhar os pontos positivos da outra pessoa (nem que seja a perseverança — em sempre tentar mostrar o próprio lado); 

- Ação irada: apaziguar as emoções alheias. Quando a pessoa estiver armada num tom de voz alto, responda calmamente. Quando ela vier com espinhos, trate de enaltecer as pétalas. 

Sabedoria de Darmata – Buda Vairocana – Cor Branca 

Essa sabedoria está ligada a algo muito maior que nós mesmos, mas profundamente associado à nossa essência — não a nossa personalidade, mas ao nosso todo, nosso "eu" similar ao vento, ao mar, à rocha, aos animais, enfim, à nossa existência que vai além de nós mesmos, além da vida ou da morte. 

Purifica: tudo aquilo que nos prende: ignorância, dores e principalmente o ego.

Nossa maior e mais difícil missão é entender que o mundo vai muito além do nosso umbigo, que existem forças superiores às nossas, mas que ainda assim fazemos parte dessas energias; que somos dependentes da vida, mas a nossa também pode ser submissa da nossa vontade e isso não quer dizer que o outro também o deva ser, muito pelo contrário; para nos adaptarmos ao outro, precisamos nos aventurar em seu mundo que, no fim das contas, também faz parte do nosso... Meu, seu, dele, dela... De todos os que são capazes de sentir o pulsar da vida em seus corações.

 

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