A mente que gera a guerra

Dia 24 de fevereiro de 2022 ficará marcado na história pela invasão russa ao País da Ucrânia. O conflito se dá por diversas questões geopolíticas e históricas na região. Algo que não quero debater aqui nesse texto. Deixo isso para os cientistas políticos e historiadores. Meu ponto aqui é outro. É entender como achamos normal que um líder de um país, simplesmente, mande suas tropas marcharem em direção a um outro país e matar sua população e destruir suas instalações.

Como é possível que uma mente gere tamanho desastre? Como que isso ocorre?

A mente da guerra

Se realizarmos estudos profundos de como esse pensamento se estabelece, iremos entender que tudo se inicia em um estreitamento da mente. O estreitamento é quando a pessoa deixa de ver o outro e a possibilidade de outras soluções. Pensa somente em suas próprias necessidades e isso se amplifica quando um líder se estabelece com esse tipo de pensamento.

O estreitamento é na verdade o autocentramento, o foco da pessoa apenas em si e em suas questões. Não considera o outro. Quando esse pensamento se amplifica para “terei benefícios se o outro for prejudicado”. Então o pensamento de guerra estará formado.

Homem com vários pensamentos e rabiscos no lugar da cabeça

Assim se iniciam as guerras e os conflitos. Por um centramento em suas necessidades e uma incapacidade de enxergar o outro no mundo dele. Na psicologia oriental chama-se isso de bolhas. Como se a pessoa estivesse dentro de uma bolha espelhada onde só vê a si mesmo.

Na psicologia do ocidente, podemos entender que é uma falta de empatia, de capacidade de pensar em como o outro vai se sentir. Para quem inicia a guerra não há compaixão. Não existe um pensamento de como os soldados irão se sentir quando matarem outra pessoa. Ou como uma mão irá se sentir quando perder um filho.

Fogo x Fogo

Podemos pensar que esse é um efeito que acontece apenas quem está na guerra. Mas ai estreitamos nossa mente também e achamos que devemos responder fogo com fogo. Que o melhor seria matar essa pessoa. Que o ideal seria o fim dessa pessoa. Entretanto, esse também é o estreitamento. Nosso desejo acaba sendo arrastado para mais violência do que o fim dela. Ao invés de desejarmos a cessação da violência queremos que ela se propague a quem a está gerando.

Entenda a origem da sua violência

Esse tipo de pensamento estreita nossa visão. Deixa que a gente apenas alimente rancor, raiva e medo em nossos corações. Ficamos com a mente ficada na violência. Assim se estabelece a leio do olho por olho, a ideia de que armas trarão a paz e que se matarmos todas as pessoas que, teoricamente, geram a violência, ai sim teremos paz.

Caminhos para paz

Porém, precisamos entender que a raiva não é uma pessoa. A raiva é um estado da mente quando se encontra em determinado meio. Os historiadores e cientistas políticos já sabem disso e por essa razão que não podem avaliar os atuais acontecimentos baseados somente nas ações de uma pessoa ou do momento atual. É preciso avaliar todo o contexto onde isso acontece.

Um exemplo simples seria quando estamos no trabalho. Muitas vezes nos portamos de determinada maneira que não é nossa usual em nossa vida particular. Já é sabido que se uma empresa não é ética, ela irá influenciar seus funcionários a também não serem. Se uma empresa mente é muito provável que seus funcionários também mentirão. Contudo, se uma empresa preza por integridade e ética, seus colaboradores agirão de acordo. Isso são os referenciais em que nossa mente está submetida.

Se temos essa visão de que sempre estamos submetidos a algum contexto, entendemos que avaliar esses contexto social onde estamos incluídos é fundamental para que possamos exercer mais liberdade frente os acontecimentos.

Menino sentado se protegendo da chuva abaixo de uma folha gigante

Quando alguém nos diz para pensar fora da caixa é esse o conceito. Pensar além dos referenciais e do contexto que estamos incluídos. Por isso que é difícil pensar fora da caixa. Ter compaixão com a mente da guerra é pensar fora da caixa. Traz uma sensação de estranheza porque parece não se encaixar naquela realidade. Isso é elevar nossos pensamentos, não deixando que o véu da raiva cegue nossos movimentos.

A ideia desse texto é trazer essa visão de que as coisas não podem ser solucionadas através do autocentramento, da punção ao outro e da perspectiva que somente serei beneficiado e feliz se o outro for aniquilado ou prejudicado. Se temos esse pensamento estamos com a mente estreita e isso inevitavelmente nos levará ao sofrimento.

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Ampliar a visão, pensar para além daquilo que nos apresenta. Essas são as noções que devemos abordar. Se não temos essa capacidade hoje podemos buscar auxílio. Analistas e psicólogos nos ajudam a ter uma visão mais ampla sobre nossa própria situação. Nos ajudam a ver outras possibilidades.

A guerra é a visão estreita, é nossa incapacidade de enxergar o outro e de olhar em um aspecto mais amplo. Não precisamos ceder a esse movimento. Podemos ampliar nossa perspectiva sobre nossa vida e a vida de quem nos cerca.

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