Ano novo, vida nova. Como lidar com términos e inícios!

Mais um ano termina; e um outro se inicia. Parece letra de música, mas, na verdade, essa relação do tempo nos lembra a impermanência de todas as coisas.

Nada dura para sempre, e essa é uma realidade que precisamos encarar. Na dualidade do mundo, podemos olhar para esses finais de ciclos como algo negativo ou positivo, dependendo de como está nossa mente.

Desapegar

Duas cordas que estão juntas por um fio que está prestes a arrebentar

Ao mesmo tempo que nos causa angústia lidar com o término das coisas, isso também nos possibilita a liberdade para não nos apegarmos às situações. A angústia vem porque nos apegamos às situações. Às vezes, estamos tão apegados, que mesmo que essas situações sejam ruins, queremos a continuidade delas.

Apesar disso, a impermanência é uma realidade que nos mostra que devemos nos desapegar, que há sementes que nós vamos plantar, mas que outras pessoas irão colher. Isso nos mostra que devemos valorizar o tempo que temos com as pessoas que amamos, ou seja, valorizar o momento da vida que é tão importante. Se estamos apegados, não queremos soltar. Essa resistência nos gera sofrimento. Precisamos, portanto, aprender a soltar aquilo que se encerrou e iniciar uma nova caminhada rumo a uma nova história.

Na Índia, por exemplo, para se caçar macacos, coloca-se comida dentro de um pote. Esse pote possui um bocal estreito e um fundo largo. Ao colocar a mão dentro do pote, o macaco pega a comida, mas como fecha sua mão, não consegue retirar por causa da largura do punho.

Se o macaco soltasse a comida, ele conseguiria se livrar, mas como o apego e o desejo são fortes, ele é capturado por não soltar a comida de forma alguma. Muitas vezes, também nós somos como esse pequeno macaco que não quer soltar a comida. Temos desejos fortes que nos impossibilitam de avançar. E para largar esse apego tão grande é necessário compreender que tudo é impermanente e que nada dura para sempre. Ciclos precisam ser encerrados e, para isso, precisamos soltar.

A importância dos símbolos no encerramento de ciclos

Para lidarmos bem com um término, seja ele de uma relação ou de um ano, precisamos encerrar aquilo dentro de nós.

Normalmente, simbolizamos esse término com algo importante para nós. Fazemos uma festa de réveillon, simbolizando o término de um ano e o início de outro. Quando terminamos um relacionamento, temos um momento de luto, encerrando-o também dentro de nós. O símbolo do término pode ser um divórcio, uma conversa, ou algo que simbolize esse término. Todos sabem quando o relacionamento termina por causa desse símbolo.

Ao nos desligarmos de uma empresa, também temos o encerramento formal, que finaliza esse ciclo. Quando uma pessoa que nos é querida faleceu, temos o ritual do velório, que é uma despedida a quem amamos.

Posso citar diversos exemplos, mas o importante é que quando não temos esse símbolo, algo fica em aberto dentro de nós. Não conseguimos terminar aquele momento, e isso retorna em nossa mente a todo momento. Quando algo não está encerrado adequadamente, é preciso elaborar, retomar de maneira clara, trazendo esse término para algo que o simbolize. Caso contrário, só teremos a angústia de que algo precisa ser encerrado.

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No entanto, se conseguimos encerrar e nos desapegar, podemos nos dar a possibilidade de viver um novo sonho e novas histórias. Para isso, precisamos de novos símbolos que sejam capazes de representar essa nova etapa. Precisamos de desapego, para entender também que tudo, até mesmo as novas etapas, são impermanentes. Isso nos possibilita mudanças, vidas melhores e também que possamos ser pessoas melhores.

Viva a mudança, a impermanência e a nossa livre capacidade de vir a ser.