Carta sobre a saudade

Hoje, voltando para casa, me dei conta que essa é a primeira vez que ficamos tanto tempo sem nos falar. Eu sabia desde o início que seria o maior desafio da minha vida até agora, ficar longe de você. Por mais que já estivesse tudo mais ou menos, ainda tinha você ali. Agora parece tudo fora do lugar.

Agora minha vida está estranha. Pensei que eu voltaria a ser como era antes de você cruzar meu caminho e mudar o meu. Mas não. Eu cresci tanto junto com você que agora não consigo mais voltar para o tamanho que eu tinha antes. Parece que estou deslocada da minha própria vida.

Era tudo eu e você. Tem poucas coisas que eu sei hoje, que já sabia antes de você. As músicas que ouço hoje, você me ensinou a gostar.

Tomar aquela cerveja de trigo jamais tinha passado pela minha cabeça antes de te conhecer. E comida japonesa então? Nunca sequer tinha experimentado, hoje em dia, quero comer toda semana. Quer dizer, não mais. Não sem você.

Sem você, fica difícil me adaptar. E você sabe melhor do que ninguém que fico nervosa em situações novas. Perdeu a graça a emoção de conhecer o novo. Por quê? Porque vou conhecer sozinha.

Aquela peça que íamos ver, irei assistir sozinha. Aquele show que tínhamos combinado de ir, nem sei se vou. Desde que você foi embora, foi embora também a minha direção. Tem dia que me perco da padaria para casa.

Todos aqueles planos e sonhos que eu tinha se foram com você também. Agora não tem mais poesia, é só prosa. Como essa aqui.

A vida tem que seguir. Não tem jeito. Mas, eu tenho ido bem sem você. Parei de ser preguiçosa, afinal não quero mais ter tempo livre para sentir a sua falta. Comecei a fazer ioga, para ser menos ansiosa. Quem sabe você não volta se a minha ansiedade for embora?

Sim, eu tenho ido bem sem você. Até aprendi a mentir.

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