Melhorando habilidades

Desde os idos tempos, a Bíblia nos conta que "aquela tentação" vestida de maçã venceu a força de vontade de Eva, que não resistiu a ela. Deste então, fomos todos expulsos do paraíso e para sempre estamos fadados a este embate interno!

A remissão deste pecado é quase impagável, pode-se dizer. Parece que, no fundo, o pecadinho de Eva é o pecadinho da humanidade. Cair em tentação faz parte de nosso cotidiano, seja lá qual for, pois o mundo está cheio delas e a nós só cabe lutar contra elas — ou sucumbir.

Penso nas tentações mais comuns, aquelas que estão bem perto e, na verdade, desde sempre. Um pedaço de sobremesa a mais, um pouquinho de sorvete só a mais no cascão, outro café depois do almoço, e sabe aquele bombom predileto – então... só mais um...e então...vai... ficando difícil sair da cama, só por 10 minutos além da hora.. com este friozinho... poxa... que mal isso pode fazer...

É assim que aquele ladinho mais sombrio vai crescendo, se tornando corpulento e audacioso. Se as regras não forem observadas para manter sob controle as tentações de Eva, que se tornaram inúmeras e muito atrevidas, com o passar do tempo ela acabam se descontrolando, afinal, a força de vontade enfraquece perante os desejos inebriantes.

Certas habilidades se aprimoram com tempo, é preciso muito cuidado e a presença da família para organizar todo o esquema de regras internas dos pequenos, para viverem em sociedade respeitando os limites próprios e dos demais.

Lembro-me de uma palestra do Dalai Lama, quando lhe perguntaram sobre seu lado sombrio, e ele admitiu com a maior simplicidade que não apenas o tinha como precisava ficar de olho nele o tempo todo, para que não fizesse nenhuma bobagem, justamente pela tendência natural a “dar vazão às tentações de Eva”, e só fazer o que lhe aprouvesse!

A sombra dentro de nós cresce e enegrece cada vez que deixamos as tentações tomarem conta de nós. Os golpes se tornam cada vez maiores e envolvendo mais e mais dólares e contas no estrangeiro, com gente que é bem capaz de fazer qualquer coisa, porque também comungam das mesmas tendências e tentações. 

A determinação de ser mais forte que as tentações facilita, enriquece o espírito e dá certo aconchego à alma neste mundo de desenfreadas aquisições materiais, que apenas “dão empoderamento” aos que não querem nem ao menos ouvir sobre as normas vigentes para que se possa viver melhor em sociedade. 

E como é possível viver melhor em sociedade? Valorizando todos os outros seres que habitam o planeta, inclusive o próprio planeta; cuidando dos seres e da Terra; isso não é utopia, é cidadania. Não é uma ONG a favor dos animais ou crianças, drogados da Praça Princesa Izabel, moradores de rua – não das ruas de São Paulo, porque em cada uma tem pelo menos um deles quase morrendo de frio, fome ou de miserabilidade humana. Não, não é ONG, é empatia, algo que os poderosos dirigentes parecem perder quando os lucros começam a chegar.

Antigamente, dizia-se que empatia não se ensinava. Hoje, os educadores discordam disso com muita propriedade. Nas escolas, estão ensinando as crianças a ocuparem o lugar do outro, a sentir o que o outro sente quando é tratado com carinho, afeto, amor, paz; assim como quando é tratado com desprezo, agressividade, raiva, no “braço”, para poderem debater sobre estes sentimentos enquanto evoluem como seres humanos.

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