Você conhece a liberdade?

Este termo muito discutido e visto por diversos ângulos por teóricos de todo o mundo. Estado também presente em diversas revoluções e movimentos civis que até hoje ocorrem. Acaba se tornando um termo ao qual não pode ser definido ou então passado como forma de conhecimento concreto absoluto. O teórico e escritor já falecido Roberto Freire é quem eu considero ter abrangido o assunto com melhor perfeição em seu livro Utopia e Paixão, de autoria em conjunto com seu amigo Fausto Brito.

Então reservo este espaço a discutir o que entendo e vivencio como liberdade, também utilizando de passagens do primeiro capítulo do livro Utopia e Paixão. Junto esta concha de retalhos ao ponto de instigar o leitor a construir sua própria liberdade individual e social, absorvendo o que sentir pertinente neste texto.

Ser livre é viver a vida dentro de sua autogestão, ao qual te possibilita um mar de escolhas possíveis, permitindo que cada um seja o criador de sua própria obra e como José  ngelo Gaiarsa dizia “ser o poeta de sua vida”. Viver uma vida de insubmissão e de afirmação de sua originalidade única e de sua naturalidade.

Não permitir que padrões pré-formatados se tornem base para a busca de uma liberdade doada, vendida e emprestada. Temos que conquistar a liberdade, sendo livres a nossa custa.

Entender que podemos escolher seguir ordens da sociedade, ser regulado e nos tornar escravos e cúmplices, ou respeitar e atender nossa necessidade de liberdade, se autorregular por inteiro, através das coisas que nos dão prazer e assim ir em busca de nossos sonhos e utopias, vivendo o presente e assumindo os riscos, sem medo, evitando a paralisia social.

A prática da liberdade acaba sendo reprimida pelas estruturas sociais e principalmente na estrutura familiar burguesa, ao qual é regida pelo autoritarismo e é o principal instrumento para a criação e manutenção do poder do Estado.

Acredito que o Roberto Freire está certo quando diz em seu livro “Utopia e Paixão” quando se refere: “Derrubar os pilares da família imediatamente, só assim nos possibilitará construir novos modos de convivência, novos modos de relações sociais, exercendo a nossa liberdade no desejado encontro com a liberdade coletiva”.

E de onde se iniciou tudo isso? 

Na visão dos antropologistas sociais, o autoritarismo, capitalismo, Estado e família foram iniciados, de acordo com o pensamento marxista e de Engels, a partir do momento em que o homem passa a se apropriar da terra, descobrindo a agricultura. Começou a possuir alimentos em excesso e passou a ter poder sobre as pessoas que não tinham tal alimento. Após começou a domesticar os animais para produzir mais alimentos. Em seguida a escravizar e domesticar o próprio homem aumentando o seu poder. Desta forma nasce o autoritarismo de uma pessoa sobre a outra e todas as organizações do convívio social, principalmente a família.

A destruição imediata e a criação de uma nova família, com novas formas de amar, autogestão no trabalho, não se baseando no sacrifício (sofrer agora para recompensa futura) e sim no prazer e na criatividade. Assim inicia uma revolução política do cotidiano.

O Estado procura as semelhanças dos indivíduos para tornar mais fácil seu controle, e destroem as diferenças que os ameaçam. Mas infelizmente, para eles, ninguém pode ser igual a ninguém, somos a diferença. Só precisamos curar essa cegueira das semelhanças que gera medo na aceitação das diferenças. 

Porém mal sabem que respeitar a diferença de cada indivíduo, somada a de todos, nos torna mais fortes, manifestando grandes revoluções. Segundo Fritz Perls em sua teoria da Gestalt Terapia, ele cita que “o todo é maior que a soma das partes”. Assim podemos perceber também que para Proudhon em seu livro O que é a propriedade afirma que “Não se pode dizer que um homem trabalhando duzentos dias produza tanto quanto duzentos homens num dia. Sendo que a produção precisa da junção de trabalhos e aptidões diferentes para ser realizado, que um homem sozinho não poderia suprir”.

A busca da liberdade é permanente, uma necessidade natural, e ela muda com o tempo. E também ser hoje não garante ser amanhã. É um processo contínuo, uma conquista e nunca um direito assegurado. Mas ser livre é uma conquista social. Unidos em busca prazerosa a liberdade, respeitando a lei do prazer e não do sacrifício paraíso futuro.

É muito entediante aceitar que a história já está padronizada, as rotas já estão sendo educadas, basta seguí-las. É muito melhor ser o poeta de sua história, ela será sempre autêntica.  

Viver o hoje gozando de sua liberdade, na plenitude, de maneira crítica, criativa, apaixonada, assumindo riscos, utilizando de sua espontaneidade, respeitando sua originalidade única, sua individualidade. Isso sim é uma vida libertária e é o que mais importa.

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